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Cora: robôs suíços ajudam crianças com câncer a recuperar movimentos

Amarildo Mota

Públicado

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Laura, de 7 anos, em sessão de reabilitação com uso de robótica de última geração no Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Foto: Iron Braz)

O Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora), unidade do Governo de Goiás, avança na humanização e na inovação do cuidado ao integrar tecnologias robóticas de última geração na reabilitação oncológica pediátrica.

Os equipamentos, fabricados por empresa suíça e referência mundial na área, passam a compor a rede pública de saúde, ampliando o acesso a terapias de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Neste primeiro momento, cerca de 30 crianças e adolescentes já iniciaram o processo de recuperação funcional com apoio da robótica.

São pacientes em tratamento contra o câncer ou em investigação diagnóstica que apresentam sequelas como fraqueza muscular, alterações neurológicas, perda de resistência física e dificuldades de marcha, decorrentes tanto da doença quanto dos efeitos da quimioterapia, cirurgias e outros procedimentos.

Tecnologia a serviço da reabilitação

Entre os equipamentos utilizados, está o Lokomat, uma esteira com exoesqueleto para membros inferiores, ideal para pacientes com alterações de marcha e sequelas neurológicas, permitindo movimentos repetitivos e simétricos, com controle do peso corporal e feedback visual.

O Andago possibilita o treino da marcha em ambiente real, sem esteira, com suporte parcial de peso e detecção de movimento, promovendo maior liberdade e segurança.

Também estão inclusos o Armeo Power e o Armeo Spring, voltados à reabilitação dos membros superiores, estimulando exercícios intensivos ou leves a moderados, com participação ativa da criança; e o C-Mill, uma esteira inteligente com projeções visuais e sensores, utilizada no treino de marcha, equilíbrio e coordenação postural.

USO DE ROBÔS NOS TRATAMENTOS DO CORAUSO DE ROBÔS NOS TRATAMENTOS DO CORA
Tecnologia robótica utilizada na reabilitação funcional de crianças em tratamento oncológico, com foco no treino de movimentos, equilíbrio e coordenação (Foto: Iron Braz)

Resultados clínicos e evolução dos pacientes

Os avanços observados na recuperação das crianças são significativos. De acordo com a fisioterapeuta técnica da reabilitação, Diene Watanabe de Matos, há melhoria do padrão de marcha, com aumento da simetria, da estabilidade e da segurança ao caminhar, além de progresso no equilíbrio, no controle postural, na coordenação motora e na funcionalidade dos membros superiores.

“A robótica permite treinos personalizados, com intensidade e assistência ajustáveis a cada criança. Isso acelera a reaprendizagem motora e fortalece gradualmente os músculos, sem sobrecarga, garantindo segurança e eficácia no tratamento”, explica Diene.

Além dos ganhos clínicos, a tecnologia impacta diretamente na adesão ao tratamento. Os equipamentos utilizam jogos, desafios virtuais e estímulos visuais, tornando a reabilitação uma experiência mais leve, motivadora e divertida para crianças e adolescentes.

Moradora de Anápolis, Romilda Cruzara, avó da pequena Laura, de 7 anos, que realiza tratamento contra um tumor cerebral, relata a evolução da neta.

“A Laura foi diagnosticada com câncer aos 4 anos e passou por cirurgia no cérebro. Ela ficou com dificuldade para andar e mexer a mão direita. Depois que começou a reabilitação com a tecnologia aqui, já consegue andar melhor e mexer a mão. Hoje fazemos todo o acompanhamento no mesmo lugar, com consultas, fisioterapia e fonoaudiologia. Antes era em outra unidade que não tinha nada disso. O atendimento aqui é de ponta.”

A própria Laura resume a experiência com entusiasmo: “Eu gosto de fazer reabilitação aqui porque eu vou jogando. Vai me ajudando e eu adoro jogar. A gente tem missões nos jogos”, conta.

Para Apolo Henrique, de 13 anos, fazer tratamento no Cora significa recomeçar. Após quebrar a perna jogando futebol, ele descobriu um nódulo no osso e agora aguarda exames para a definição do diagnóstico. Enquanto isso, segue em reabilitação com apoio da robótica e comemora a evolução.

“Já consigo andar sem muleta, estou muito feliz. Quero voltar a jogar bola logo.”

Tecnologia de ponta e cuidado humanizado

Para o diretor-geral, Rafael Mendonça, a integração da robótica reforça o papel do Governo de Goiás em oferecer o que há de mais moderno em reabilitação pediátrica.

“O Cora é o primeiro hospital público estadual do Brasil dedicado integralmente ao tratamento do câncer. Ao unir tecnologia de ponta, atendimento humanizado e pesquisa, a instituição se torna referência nacional, garantindo que crianças tenham acesso a cuidados inovadores”, destaca.

CORA: atendimento integral e infraestrutura avançada

Desde a abertura, em 9 de junho de 2025, a unidade registrou 243 casos novos, com 101 diagnósticos oncológicos, dos quais 46 pacientes iniciaram tratamento, incluindo cirurgias, quimioterapia e radioterapia.

Em seis meses, foram realizadas 611 cirurgias, 4.051 consultas médicas e 3.136 atendimentos multiprofissionais, além de internações em enfermaria e UTI, procedimentos de quimioterapia, exames de ressonância magnética e tomografias.

O hospital recebeu investimento de R$ 255 milhões do Governo de Goiás e oferece tratamento de alta complexidade sem que as famílias precisem se deslocar para outros estados. A unidade conta com tecnologias inéditas no SUS, como a ressonância magnética integrada ao centro cirúrgico, e todo o atendimento é coordenado pelo Complexo Regulador Estadual, garantindo acesso ágil e seguro aos pacientes.

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Fonte: Portal Goiás

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