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O tempo da peste Vamos tentar fazer com que esta prova, e a dolorosa ressaca econômica que virá, nos ensine pelo menos a ser um pouco melhores
Por: Amarildo Mota
Este artigo de Rosa Monteiro, nos trás à luz uma bela reflexão, pois apesar de um momento como esse , ainda somos e permanecemos muito intrínsecos.
Este artigo é, mais do que nunca, uma garrafa que lanço ao mar do tempo. Escrevo no início da reclusão, rodeada por uma cidade silenciosa e cativa, caracóis frágeis ocultos atrás da concha que só mostramos nosso fraco corpo na hora do aplauso, nas sacadas. E vocês o estão lendo duas semanas depois, ainda trancados e, receio, com muitos dias de clausura pela frente. Imagino a mim mesma dentro 15 dias, junto com vocês; as raízes brancas dos meus cabelos tingidos estarão mais crescidas e serão um memento da fugacidade da vida (que grisalhos muitos de nós sairemos do isolamento; pensando bem, o debate sobre a abertura dos salões de cabeleireiros era existencial). Mas, fora isso, suponho que tudo será mais ou menos igual. Continuaremos navegando pelas águas profundas do intenso tempo da peste.
Mas não me refiro apenas à esfera social. O maior desafio é o interior. Como viver a vida quando você fica sem truques defensivos ou disfarces? A vida crua e limpa no lento e incandescente tempo da peste. Entre os piadas maravilhosas e reconfortantes que circulam nas redes (bendita tecnologia que nos une), recebi esta: “Uma amiga diz que, com este isolamento em casa, tem conversado um bom tempo com o marido e o achou muito simpático”.
Esta é a questão: tentemos achar-nos simpáticos. Ou tentemos simplesmente nos achar. Quando o barulho e o movimento incessante param, fica o real. Aguentar semanas com crianças que você costuma encostar em algum lugar. Conviver de verdade com o seu companheiro em um espaço estreito e aprender não só a escutá-lo, mas também a respeitar sua ausência na presença. Suportar a sua solidão, se você mora sozinho, e conseguir se sentir confortável nela. E, acima de tudo, gerenciar bem o tempo. Em vez de perdê-lo, queimá-lo, jogá-lo fora (a vida é isso que acontece enquanto nos ocupamos com outra coisa, de acordo com uma suposta frase de John Lennon), como fazíamos na agitação da normalidade, agora temos uma oportunidade única para habitar o presente. Para preencher de consciência e vontade cada minuto. Para discernir entre o essencial e o supérfluo. Vamos tentar fazer com que esta prova e a dolorosa ressaca econômica que virá, nos ensine pelo menos a ser um pouco melhores.
Fonte : El País/ Rosa Montero
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