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INTERNADO EM UTI UMA DAS MAIORES LIDERANÇAS INDÍGENAS DO MUNDO.
Por: AmarildoMota
INTERNADO EM UTI UMA DAS MAIORES LIDERANÇAS INDÍGENAS DO MUNDO.
O cacique kayapó Raoni Metuktire, uma das maiores lideranças indígenas no mundo, está internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) na cidade de Sinop, Mato Grosso, após complicações gastrointestinais e desidratação, além de sintomas de fraqueza e falta de ar. Raoni, que tem aproximadamente 90 anos —seu ano de nascimento não é conhecido—, já estava hospitalizado em Colíder, município do mesmo Estado, e foi transferido após piora na condição de saúde.
Segundo o Instituto Raoni, em nota divulgada na noite deste domingo, médicos detectaram úlceras na endoscopia gastro-duodenal.
Ele teve sangramento, que foi controlado, e passou por uma transfusão. De acordo com a nota, sua evolução clínica tem sido satisfatória.
Pessoas próximas a Raoni, confirmaram ao jornal EL PAÍS que o cacique ficou deprimido há cerca de um mês, desde que perdeu a mulher, Bekwyjka Metuktire, de 90 anos, vítima da covid-19. Eles estiveram juntos por oito décadas e tiveram oito filhos. Os exames do cacique para o novo coronavírus deram negativo.
O cacique vive no Parque Nacional do Xingu e ficou conhecido internacionalmente no final dos anos 1980 pela defesa dos povos indígenas e pela luta contra construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Na época, com a ajuda do cantor Sting, o cacique empreendeu uma caravana em 17 países pedindo ajuda na causa e contra o desmatamento.
No ano passado, o líder indígena voltou a viajar pela Europa, se reunindo com governantes e autoridades como o Papa Francisco e participando de eventos como o Festival de Cannes e a marcha pelo clima em Bruxelas.
Em janeiro deste ano, o cacique reuniu 600 lideranças de 45 povos indígenas brasileiros, que assinaram um compromisso de defesa de seus direitos e denunciaram o que chamaram de “projeto político do Governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio”, com críticas diretas ao presidente.
As ameaças e falas de ódio do atual Governo estão promovendo a violência contra povos indígenas, o assassinato de nossas lideranças e a invasão de nossas terras”, dizia o texto do manifesto. “O atual presidente da República está ameaçando os nossos direitos, a nossa saúde, o nosso território”, endossaram as lideranças, citando plano de liberar a extração de minério e pecuária nas terras indígenas e empreendimentos como a ferrovia Ferrogrão, a ser construída na região das bacias dos rios Xingu e Tapajós.
Em uma entrevista em novembro, Raoni falou da importância do seu ativismo no exterior. “Na minha vida, fiz muito discurso e falei com muito chefe político do mundo todo. É lá fora que temos que controlar o problema. Porque é o povo de lá que vem com dinheiro para investir aqui, para construir barragens, coisas grandes”, declarou o cacique, que chegou a ser citado como um dos favoritos para receber o prêmio Nobel da Paz no ano passado.
“Fico preocupado com o que está acontecendo hoje, as pessoas estão desmatando cada vez mais para fazer roças e plantar. E estão fazendo isso de uma maneira muito séria, com fogo. Acho que esse povo já tem seus pedaços de terra para empreender, deveriam continuar usando o que já têm, sem derrubar mais floresta”.
Fonte: El País
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