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O BEIJO. O NOVO TABU NOS TEMPOS ATUAIS.

Amarildo Mota

Públicado

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O escritor Bill Bryson, relata de forma bem humorada, a anatomia do beijo. ” Quando jovem o beijo na boca era proibida pela igreja, hoje é proibido pela ciência”. O gesto que antes levava ao interno hoje o castigo vem em forma da Covid 19.

A boca é um lugar perigoso. O ser humano é o mamífero que mais morre engasgado devido ao desenho do corpo humano que foi feito para engasgar.

Bryson relata que temos lá dentro, na boca, estrategicamente distribuídas, 12 glândulas salivares com as quais excretamos em torno de um litro e meio de saliva por dia, por isso engolimos tanta coisa (não só em sentido metafórico): 30.000 litros, ao longo de uma vida média.

A língua é um músculo extremamente sensível, graças às 10.000 papilas gustativas localizadas em suas protuberâncias.

Mas voltemos ao tema. BEIJO.
Existem vários tipos de beijos: há beijos de cinema, novelas, há beijos castos e beijos voluptuosos, beijos maternais, fraternais, paternais. Existe até o beijo de judas.

O ser humano vem de uma cadeia de beijos que vem dos nossos antepassados, que foi passado para nossos decendentes e os que eles já andam distribuindo.

Num encontro com o paleoantropólogo Juan Luis, Bryson pergunta se, se o beijo tem alguma explicação a partir da antropologia.

A resposta veio de imediato; E da anatomia também. Porque somos uma espécie de mamífero com lábios grossos, pelo avesso, desenhados precisamente para o beijo.A história natural do lábio é apaixonante. Nós temos o lábio superior contínuo, enquanto cães e gatos, por exemplo, têm dois lábios superiores divididos por um septo. O humano pode passar a língua de um lado ao outro da própria gengiva ou da gengiva do amante. O beijo na boca e com língua é exclusivamente humano, acrescenta.

Segundo Desmond Morris, autor de O macaco nu, nossos antepassados copulavam por trás porque a vulva, nos mamíferos quadrúpedes, encontrava-se na parte posterior. Quando a copulação passou a ser frontal por causa da postura bípede, a localização da pélvis mudou e a vulva se orientou ventral-frontalmente e se deslocando, o sexo se tornou cara a cara, passando para uma relação mais íntima e pessoal, já que a nova posição possibilita olhar no olhar e os lábios ficam sempre ao alcance do outro.

O beijo que normalmente é dado e as vezes em excesso na criança pelos pais, dificilmente será lembrado do mesmo modo que não lembramos os beijos de nossos pais.

E o beijo de Judas? Como reconhecê-lo? De forma muito simples. Quem é beijado reconhece e sente em algum nível de sua consciência.

O beijo tem duas vertentes: uma de caráter físico, e outra de caráter psicológico, que talvez se misturem. E quando duas pessoas se beijam ocorre uma tempestade de oxitocinas e endorfinas que têm seu correlato emocional.

O beijo tem muitos significados e por isso é tão diferente o beijo de uma mãe, o de Judas, o amoroso, o do ficante de uma noite, ou o que busca uma reconciliação…

E agora, com a pandemia da covid-19, como entender que o mesmo beijo que nos dava a vida agora nos faça adoecer?

O ser humano tem a necessidade inata de beijar. O humano só não vai beijar na base do medo ou da responsabilidade.

Se a proibição continuar por longo tempo, o beijo terá um novo significado. Quem se arriscar beijar, será uma grande prova de amor pois assumirá que pode se infectar e assume o risco que o outro pode te matar nesse gesto tão nobre.

E nos tempos atuais, ver alguém tirando a máscara e expondo os lábios é fácil perceber a anatomia da boca. Foi feita para se alimentar, inclusive de beijo.

Da Redação

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